Resina Composta

O advento da técnica do condicionamento ácido do esmalte e o surgimento das resinas compostas representam os maiores progressos na Dentística Restauradora, mais especificamente na ciência e a arte de se restaurar cosmeticamente os dentes anteriores. Com o aparecimento mais recente dos cimentos ionoméricos e de resinas que apresentam uma forte união tanto com o esmalte como a dentina ( adesivos para esmalte/dentina ) as técnicas restauradoras foram aperfeiçoadas e as restaurações obtidas de uma forma ainda mais biológica e conservadora.
As resinas compostas, em associação com a técnica do condicionamento ácido do esmalte e cimentos ionoméricos, têm sido largamente aplicadas em praticamente todos os tipos e tamanhos de cavidades.
Provavelmente o sucesso dessas técnicas restauradoras deve-se, particularmente, a alguns fatores por exemplo:

  • O fato de o preparo cavitário pode ser executado com mínimo sacrifício de estrutura dental sadia.
  • A restauração pode ser concluída em uma única sessão.
  • Ser necessário menor tempo operatório para realização de todo o procedimento.
  • O fato dessas restaurações apresentarem menor custo em comparação com outros tipos ( cosmeticamente falando ).

Uma das grandes preocupações da Odontologia, desde seu início, foi a de encontrar um material restaurador que, além de restabelecer a função do elemento dental, apresentasse adequada resistência à abrasão, boa adaptação marginal, biocompatibilidade e que reproduzisse a cor natural dos dentes.

As primeiras resinas autopolimerizáveis foram introduzidas na Alemanha por volta de 1934 e tiveram um incremento no seu uso durante a II Guerra Mundial.
Entretanto, o desempenho clínico destas resinas mostrou que careciam de estabilidade de cor, apresentavam um grau elevado de contratação de polimerização, além de uma adaptação marginal precária devido ao alto coeficiente de expansão térmica.

A busca incessante para se conseguir uma melhoria nas propriedades físicas da resina acrílica levou Paffenbarger, em 1940, a adicionar uma carga à resina acrílica com a finalidade de eliminar o coeficiente de dilatação e aumentar sua resistência.

Em 1951, KnoK e Gleenn, baseando-se nas experiências de Paffenbarger, juntaram 15 % de silicato de alumínio à resina acrílica, obtendo o que foi considerado na época como resina composta. Esta denominação foi assim estabelecida uma vez que o produto obtido era “composto “por outros dois que não reagiam entre si ( silicato de alumínio e resina acrílica ). Este material não obteve sucesso, pois o silicato de alumínio funcionava como uma cunha na resina acrílica, fraturando-a com facilidade. Posteriormente, estas resinas foram denominadas de pseudocompostas.

A grande revolução neste campo ocorreu por volta de 1960, quando Bowen,após várias pesquisas, juntou a resina epóxica com a resina acrílica, obtendo o BISGMA ( bisfenol glicidil metacrilato ). O éster glicidil do bisfenol A reage com o metacrilato da resina acrílica, dando origem à resina de Bowen, que é parte orgânica unida à matriz através de um agente de união ( silano, com o objetivo de melhorar as propriedades físicas e mecânicas deste material.

A pesquisa de Bowen é clássica e a maioria dos compósitos comercializados atualmente baseou-se em seu conceito.

Composição

As resinas compostas atuais são constituídas principalmente de uma matriz orgânica, uma carga inorgânica e um silano como agente de união entre ambas.

O Clínico, frente às várias marcas comerciais à sua disposição, precisa compreender as implicações relacionadas entre a quantidade e tipo de carga e a composição da matriz resinosa, uma vez que as propriedades físicas, mecânicas, química e, consequentemente, o desempenho clínico, são dependentes destes fatores.

Matriz Orgânica

É constituída por um BIS-GMA ( bisfenol glicidil metacrilato ) ou uma poliuretana, que podem ser considerados como corpo da resina composta.

Embora com uma química complexa, pode-se afirmar que o BIS-GMA, comercialmente usado, pode ser separado em vários componentes lineares e ramificados, encontrados em proporções variadas, como também alguns monômeros mais simples.

Para diminuir a viscosidade deste sistema de resina, facilitando assim sua manipulação e inserção nas cavidades, são adicionados monômeros de baixa viscosidade, TEDMA ( trietileno glicol dimetacrilato ), EDGMA ( etileno glicol dimetacrilato ) e também alguns oligoetilenoglicóis de metacrilatos tais como: DEG-DMA e TE-EDGMA.

Os produtos que empregam as poliuretanas têm como constituinte principal o UEDMA e o TUDMA. Podemos, também, encontrar compósitos que têm em sua composição monômeros de BIS-GMA, associados com UEDMA ou TUDMA

Carga Inorgânica

Com o objetivo de melhorar as propriedades da resina, alguns autores adicionaram partículas inorgânicas à matriz dos compósitos. No início, foram utilizadas fibras de vidro, esferas de vidro, fosfato de cálcio sintético e sílica fundida. Até o final da década de 70 as partículas de quartzo eram as cargas dominantes, tendo como características serem irregulares, de grande tamanho (15 m m ) e extremamente duras. Também nesta década surgiram as partículas de sílica coloidal, esféricas e com diâmetro entre 0,02 a 0,4 m m.

Com a evolução das pesquisas, outros tipos de partículas foram sendo utilizadas, como, vidro de bário, boro, zinco, estrôncio, silicato –lítio-alumínio, com tamanho médio de 1 a 5 m m.

Classificação das Resinas Compostas  

Autores como Lutz et al. e Leinfelder & Taylon têm classificado as resinas compostas de acordo com o tamanho das partículas, tipo e quantidade de carga e tipo de ativação.

Classificação

Vantagens
Desvantagens
MACRO - O tamanho das partículas é, em média, superior a 15 m m. As cargas são Quartzo e apresentam cerca de 75% de carga.

Apresenta grande resistência

Maior aspereza da superfície
Maior acúmulo de placa
Estética Comprometida
MICRO - O tamanho das partículas apresenta uma variação entre 0,01 a 0,1 m m. As cargas são sílica coloidal com 50% de peso.
Superfície mais lisa
Estética excelente
Baixa resistência
HÍBRIDA - Mistura de macropartículas com micropartículas. As cargas são Silicato ou Vidro de Bário com 76% de peso.
Boa resistência
Estética aceitável
Não apresenta boa estabilidade de cor
MICROHÍBRIDA - Mistura de micropartículas com minipartículas ( com alta carga ). As cargas são Sílica de Bário com o peso variando entre 75% à 80%.
Estética excelente
Boa resistência
Superfície lisa
Fácil manuseio
Estabilidade de cor
 

Características da “Resina Suprafill”

Resina Microhíbrida sendo o seu ponto forte o acabamento perfeito com excelente estabilidade de cor. Resistência à abrasão superior aos concorrentes.  

Condensável ou Compactável

Estas diferem dos compósitos convencionais ou tradicionais pelo aumento na quantidade de partículas inorgânicas ( maior que 80% por peso ); isto faz com que as resinas condensáveis apresentem certas vantagens:

  • Ter a capacidade de ser “condensável “
  • Apresentar maior estabilidade dimensional
  • Ter maior resistência ao desgaste
  • Ter as mesmas características de manipulação do amálgama: condensação, escultura, acabamento e polimento.

Sistema Adesivo

Durante muitos anos os “fantasmas” da micro-infiltração, recidiva de cárie e sensibilidade pulpar nos dentes restaurados rondavam os consultórios odontológicos, deixando, inúmeras vezes, o profissional sem alternativa ou recurso para solução definitiva do problema de seus pacientes.

A dificuldade de se conseguir restaurações herméticas, ou seja, livres da possibilidade da ação dos “fantasmas” parecia mesmo coisa de outro mundo.

Então, na década de 70, foi introduzido, efetivamente, o condicionamento ácido da superfície de esmalte para os procedimentos restauradores estéticos com resina composta, utilizando ácido fosfórico.

Este condicionamento com ácido fosfórico promove a dissolução seletiva dos constituintes do esmalte ( íons cálcio, carbonato e fosfato ), principalmente quando se apresenta em concentração entre 30% a 50%, criando microporos na superfície condicionada.

Para que se criem microporos na superfície, há necessidade que o ácido permaneça determinado tempo em contato com o esmalte. Antes, era preconizado o tempo de 60 segundos para que o agente condicionador pudesse solubilizar quantidade suficiente de íons para a criação dos microcorpos, porém hoje se indica uma redução do tempo do condicionamento, chegando-se a um tempo de 15 segundos, que é suficiente para resultados clínicos semelhantes àqueles conseguidos com o tempo de 60 segundos.

Pode-se melhorar ainda mais o efeito do condicionamento ácido, se durante a aplicação ( 15 segundos ) for realizado um movimento suave e delicado do agente condicionador sobre a área que está sendo condicionada com a finalidade de evitar a saturação do agente que está diretamente em contato com o esmalte.
Após a lavagem da superfície condicionada para remoção dos produtos da solubilização, esta deve ser seca até mostrar uma aparência fosca e despolida.
Caso este aspecto não seja observado, a operação deve ser repetida, inclusive utilizando-se o mesmo tempo ( 15 segundos ).

No processo restaurador, os microporos serão preenchidos pela resina fluída conhecida como agente de união ( basicamente a matriz da resina composta ), a qual faz uma ponte de união do tipo químico, altamente resistente, com o material restaurador e do tipo micromecânico com esmalte condicionado circunvizinho à cavidade. Para se ter uma idéia da força desta união micromecânica entre o agente e o esmalte condicionado, esta é capaz de sustentar um peso em torno 200 Kg/cm2. Porém, para que se consiga isto em sua plenitude, se faz necessário seguir alguns passos clínicos e respeitar certos princípios básicos de adesão.

A limpeza da área que está sendo restaurada é de fundamental importância. Isto envolve desde a completa remoção da cárie, até a total remoção de impurezas ( restos de estrutura dental, lubrificantes da caneta de alta-rotação e contra ângulo, placa bacteriana ), os quais podem impedir que se realize uma união micromecânica de máxima efetividade entre dente e material restaurador.

Esta limpeza deve ser sempre realizada após a remoção completa do tecido cariado e preparo da cavidade, quando necessário, utilizando-se uma mistura simples de pedra-pomes e água, ou melhor ainda, uma mistura de pedra-pomes e tergentol com escova de Robinson em contra-ângulo. Em seguida, a superfície dental deve ser bem lavada para remoções dos resíduos da mistura de limpeza e, então seca para a aplicação do agente condicionador, que agora pode agir efetivamente sobre essa superfície, pois não existe nada entre esmalte e o condicionamento interferindo na ação deste último.

A realização desta limpeza faz com que a energia da superfície dental aumente significativamente, o que irá melhorar ainda mais o contato entre dente e material restaurador, tornado-o muito mais íntimo e efetivo.
Ainda, sendo o agente de união uma substância com alta fluidez, interage com a energia livre na superfície do esmalte condicionado, fazendo com que o adesivo “molhe” toda área condicionada, inclusive, e principalmente, o interior das microporosidades, as quais, no seu interior, apresentam também alta energia livre.
Apesar dos problemas estarem praticamente resolvidos, em certos casos como por exemplo cárie radicular, amelogênese imperfeita, erosões e abrasões cevicais, os “fantasmas” continuavam perseguido os profissionais em sua prática diária. Isto se devia ao fato dessas lesões não apresentarem esmalte sadio ao redor de todo o limite da cavidade, havendo ausência deste, na
maioria das vezes na porção gengival da cavidade. Assim, os problemas de sensibilidade pulpar, recidiva de cárie e micro-infiltração continuavam presentes e aparentemente sem solução.

Quando então, no início dos anos 80 surgiram materiais adesivos com a pretensão de se unirem, além do esmalte, com a estrutura dentinária. Esses materiais, chamados de adesivos dentinários, apresentavam basicamente duas etapas: uma etapa de preparo da superfície dentinária e uma outra que faz a ponte de união entre a dentina preparada e o material restaurador. Até essa época, nenhum fabricante recomendava o condicionamento ácido da dentina, procedimento este que era sugerido exclusivamente para o esmalte.

Pelo lado do dentista, este tomava todos os cuidados possíveis e imaginários para evitar o contato do agente condicionador com a estrutura dentária com receio de uma possível agressão ao tecido pulpar.

Mas mal sabia o dentista que a solução para o preparo da superfície dentinária, entre vários componentes, estavam também presentes certos ácidos com intuito de modificar e/ou condicionar aquela superfície dentinária ( “smear layer” e dentina ). Como por exemplo temos: o EDTA no sistema Gluma e o ácido nítrico no Tenure.

Apesar disso, muitos profissionais, nos dias atuais, ainda continuam relutantes no uso dos adesivos de última geração, agora chamados de universais, que recomendam o condicionamento ácido de esmalte e dentina.

Com condicionamento ácido da dentina, os túbulos dentinários ficam com suas extremidades, que estão diretamente em contato com a cavidade a ser restaurada, abertas e livres de qualquer obliteração e a superfície inter-tubular limpa, deixando essa região livre parcialmente do “smear layer” / O Smear Layer ou camada de esfregaço ( lama ): formada pela ação de instrumentos de corte manuais ou rotatórios. A camada de smear layer pode se formar em esmalte, dentina e cemento. Em geral esta camada é composta por restos orgânicos ( bactérias, sangue, colágeno, saliva etc.) e inorgânicos ( estrutura dental desgastada ou “moída” ).

Características:

  • Reduz a permeabilidade dentária.
  • Facilmente dissolvido por agentes de baixo pH.
  • Não está firmemente aderido à dentina ( porção superficial do smear layer) .
  • Porção íntima do smear layer sela túbulos dentários.
  • Porção superficial pode vir a servir de substrato para bactérias.

Ideal: remover porção superficial do smear layer que só possui desvantagens e preservar porção íntima que sela os túbulos.

Com a remoção parcial do “smear layer” aumenta a energia livre da superfície dentinária e, por conseqüência, propicia um contato muito mais íntimo do adesivo com a estrutura dentária.

A obliteração dos túbulos dentinários volta a ocorrer, e o risco de sensibilidade pós-operatória desaparece com a utilização dos adesivos universais.

Estes possuem componentes hidrófilos, que têm a possibilidade de se unir às estruturas dentárias, mesmo em meio úmido, como é o caso da dentina de dente vitalizado; e outro hidrofóbico que faz a ponte de união entre o hidrófilo e o material restaurador.

Há, entretanto, fatores que podem interferir na adesão, como por exemplo a contaminação da área condicionada e a hidrólise das ligações, acima referidas.

A contaminação por sangue, saliva, colágeno, restos celulares, etc. da área condicionada, reduz a energia livre e, por conseqüência, diminui o poder de ligação dos adesivos, quando esta chega a ocorrer.

A força da união dos adesivos, principalmente dos primeiros produtos que apareceram, sofrem, em meio úmido como o da cavidade oral, hidrólise com o passar do tempo, e que reduz a efetividade da união dente/restauração.

Por fim, devemos ressaltar a importância do isolamento absoluto para que tal contaminação não ocorra.

Características do sistema adesivo monocomponente "SUPRAFILL"

O que se pode esperar para odontologia com os recursos oferecidos pela Suprafill, é que, as possibilidades da Odontologia Restauradora moderna só podem ser limitadas pela capacidade criadora do dentista.

VANTAGENS:

  • Veículo Acetona – secagem rápida.
  • Combina Primer e Adesivo em um único componente .
  • Aplicação de camada única na cavidade.
  • Devido a sua formulação, tolera umidade residual.
  • Coeficiente de expansão térmica similar ao substrato.
  • Alta elasticidade e bom selamento marginal.
  • O sistema preenche os microcorpos fazendo uma ponte de união altamente resistente.
  • Suprafill Adesivo Universal Monocomponente Fotopolimerizável é um agente com alta fluidez que possibilita atingir toda a área condicionada.