Ionômero de Vidro

Na busca de um material que apresentasse as características do Cimento de Óxido de Zinco e Eugenol, a resistência do Cimento de Fosfato de Zinco, a estética e a capacidade anticariogênica do Silicato e a adesividade do Cimento Policarboxilato, surgiu um novo material chamado Ionômero de Vidro.
O seu aparecimento em 1971, foi o resultado das pesquisas desenvolvidas por Wilson e Kent . O Ionômero de Vidro é um cimento cujo pó é similar as do Silicato que se mistura com o líquido ( ácido poliacrílico modificado ) semelhante ao do Cimento Policarboxilato, apresentando características semelhantes a estes dois materiais.

Composição

  • Pó – Fluorsilicato de cálcio e alumínio.
  • Líquido – Solução aquosa de ácido poliacrílico ( 40 a 50% )
  • Ácido tartárico – aumenta o endurecimento pós-presa
  • Ácido itacônico – reduz a viscosidade do líquido ( mas reduz a adesão )
    ( Alguns materiais tem o ácido poliacrílico substituído pelo ácido polimaleico )

Existe também o sistema em que o ácido poliacrílico do líquido foi liofilizado ( secado a vácuo) e incorporado ao pó. Neste caso o líquido compõe-se de água destilada e ácido tartárico ( VIDRION ).

A quantidade de ácido poliacrílico contido no pó é fator determinante do uso do material.

Ácido Poliacrílico

VIDRION F
25,6%
Forração
VIDRION C
16,0%
Cimentação
VIDRION R
25,1%
Restauração
VIDRION N
25,1%
Núcleo de preenchimento

Química de presa

O pó, composto de fluorsilicato de cálcio, alumínio e ácido poliacrílico liofilizado, reage com o líquido ( água destilada + ácido tartárico ).
A reação é similar a de um ácido com uma base formando um poli-sal ( matriz ) preenchido com partículas de carga ( silicato ) que reagem na sua periferia formando hidrogel-silício.
Nos cinco minutos iniciais há a formação de um gel de policarboxilato de cálcio ( adesão inicial a estrutura dentária).

Trinta minutos após a manipulação há a formação de policarboxilato de alumínio, tempo mínimo para que o material alcance sua máxima dureza. Nesta fase há necessidade de protêge-lo com verniz.

Resumindo : O cimento endurecido é formado pela aglomeração de partículas de pó que não reagiram, circundados por gelsílica imersa na matriz de polissal de cálcio e alumínio.

Classificação

De acordo com as normas da ISO (INTERNACIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION) os cimentos ionoméricos são classificados de acordo com sua indicação de uso.

  • Tipo I - Cimentação
  • Tipo II - Restauração
  • Tipo III - Forração ( selante )

Manipulação

Apresentação:

  • frasco de pó
  • frasco de líquido

Acessórios: placa de vidro ou bloco de papel e espátula de plástico ou de metal, dependendo do uso do material e medidor de pó.

Coloca-se a quantidade de pó recomendado para cada caso sobre a placa de vidro ou bloco de papel.
Divide-se o pó em duas metades.
Goteje o líquido com o frasco na posição perpendicular.
Aglutina-se a primeira metade do pó ao líquido e manipula-se por 15 segundos
Adiciona-se o pó restante a massa e manipula-se por mais 15 segundos obtendo-se uma massa cremosa, vítrea e úmida.

A modificação na proporção pó/líquido altera profundamente as propriedades do cimento.

  • Falta de líquido ------> pouca adesividade
  • Excesso de líquido--> porosidade, aumento de solubilidade, diminuição da resistência à fratura e ao desgaste.

Técnica de Cimentação do Cimento Ionômero de Vidro

Superfície dentária
Deve apresentar-se limpa e seca. A limpeza pode ser feita com peróxido de hidrogênio ( 10 Vol. ) ou solução aquosa de ác. poliacrílico.

Secar mas não desidratar.

Peça Protética
Deve apresentar-se limpa e seca.

Agente Cimentante  
Correto proporcionamento pó/líquido consistência ideal: flui lentamente da espátula formando um fio. Deve ser levado com pincel primeiro a peça e posteriormente ao preparo.

Assentamento da Peça Protética
Mantê-la imóvel sob pressão por 5 minutos ( através rolos de algoodão ou blocos de madeira balsa).

Isolamento
Rolos de algodão ou diques de borracha.
Antes, durante e após, a área de operação não deve entrar em contato com a umidade. Deve ser aplicado verniz para proteção contra os fluídos orais, logo após a retirada dos excessos de cimento.

Recomendações
Os pacientes devem evitar por 24h esforços mastigatórios no local.

Índices numéricos estabelecidos pelo ISO

 
Tipo I
Tipo I I

Espessura película Máx. (um)

25
Tempo de presa Máx. ( min )
7,5
5,0
Tempo de tabalho Máx. ( min )
2,0
1,75
Resis.Compressão Mín. ( Mpa
65
125
Solubilidade Máx. ( % )
1,0
0,7

Adesividade
Os cimentos de ionômero de vidro aderem por ligações químicas dos seus radicais carboxílicos ( COO ) aos íons de cálcio existentes na estrutura do esmalte, dentina e cimento. O cimento adere também ao aço inox, estanho, platina e ouro preparados, não adere ao ouro e a platina puros.

Ação Anticariogênica
A liberação do fluor é feita na região adjacente do dente logo após executada a restauração com ionômero de vidro sendo, por isto mesmo, considerado um material cariostático ou anticariogênico.

Biocompatibilidade
O cimento do Ionômero de Vidro pode ser colocado em cavidades rasas e médias. Em cavidades profundas, ele provoca reação pulpar discreta, sendo recomendado o uso de uma camada de Hidróxido de Cálcio.

Dificuldades no Uso do Ionômero de Vidro

  • Proporcionamento crítico.
  • Tempo de trabalho curto e tempo de presa longo.
  • Sofre influência da sinérese ou embebição.
  • Translúcido.

Cimento de Ionômero de Vidro
Apresentação Física:
Frasco com pó e frasco com líquido.

Indicações:
Cimentação adesiva, forração, restauração e núcleo de preenchimento.

Acessórios para trabalho:

  • Bloco de papel ou placa de vidro.
  • Medidor de pó fornecido pelo fabricante.
  • Espátula.
  • Contador de tempo.

Cuidados a serem observados com material:

  • Fechar bem os frascos de pó e líquido após a retirada do material.
  • Guardar os frascos de pó e de líquido afastados de frascos que contenham líquidos voláteis, tais como: Eugenol, Eucaliptol e Timol, evitando-se desta forma, a contaminação do cimento pelos gases emanados dos referidos medicamentos, o que redunda sempre em alteração de suas características.
  • Porções de pó retiradas dos frascos e não utilizadas no processo de manipulação, não devem ser levadas de volta aos frascos, pela possibilidade de haverem sido contaminadas pela poeira ou umidade e, consequentemente, poderem causar alterações no conteúdo dos frascos.

Técnica de Trabalho:
Coloca-se a quantidade de pó recomendado para cada caso sobre a placa de vidro ou bloco de papel.

Divide-se o pó em duas metades.
Goteje o líquido com o frasco na posição perpendicular.
Aglutina-se a primeira metade do pó ao líquido e manipula-se 1 por 15 segundos.
Adiciona-se o pó a massa e manipula-se por mais 15 segundos obtendo-se uma massa cremosa, vítrea e úmida.

A modificação na proporção do pó/líquido altera profundamente as propriedades do cimento.